blog
Data:2022-01-19 08:39:11 Hora: | postado: Josevânio | Em: Política

Coluna da Quarta-feira do Blog do Magno Martins

Geraldo, definitivamente, fora

Por Magno Martins

Na mesma semana em que deu o start da consulta aos partidos da Frente Popular quanto ao nome para disputar a sua sucessão pelo PSB, o governador Paulo Câmara jogou outra pá de cal na propalada candidatura de Geraldo Júlio como alternativa natural. “A gente tem que respeitar a posição dele. Ele é secretário de Desenvolvimento Econômico e tem nos ajudado no Plano de Retomada e com certeza vai ajudar na construção das candidaturas”, disse o governador em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Lá atrás, Câmara já havia reiterado, em duas oportunidades, à própria mídia pernambucana, o que falou ao jornal paulista. Se o governador, que é o condutor do processo da sucessão dentro da Frente Popular, está afirmando, mais uma vez, que o ex-prefeito recifense não quer e não será, não tem mais o que se discutir. Aos mais ansiosos, que acham que perdem espaço para a oposição, só resta relaxar, tomar muito Lexotan e aguardar o desfecho das articulações do governador para o final do mês, no mais tardar início de fevereiro.

Se Geraldo está, definitivamente, de fora, só restam Tadeu Alencar ou Danilo Cabral, deputados federais, e Zé Neto, secretário do Governo, o preferido do governador. Em seu blog em O Globo, Lauro Jardim noticiou, na última segunda-feira, que o candidato escolhido seria Danilo Cabral. Um prefeito do Sertão me disse, ontem, que Danilo deixou vazar para ele que já estava escolhido candidato.

Passa no crivo da Frente Popular? Um presidente estadual de uma legenda da base governista, que pediu off por razões óbvias, assim reproduziu o seu sentimento quanto ao nome de Danilo: “Se for Danilo, vou falar para Humberto Costa ser candidato e até topo ser o seu vice”. E acrescentou: “Nas três passagens como secretário, Danilo não dialogou com ninguém, pisava em todo mundo com a arrogância própria da sua personalidade”.

Tadeu também não é flor de cheiro entre os seus próprios companheiros de bancada, mas pode ter um diferencial nesse duelo porque tem o apoio do clã Campos, leia-se o prefeito João Campos e sua poderosa mãe Renata. O nome que agrega mais, sem arestas em todos os segmentos da Frente, desde a base de apoio na Alepe, passando pela bancada federal e o conjunto dos prefeitos, é o secretário de Governo, Zé Neto.

O governador, entretanto, não tem a força de um Golias para dar o murro na mesa e declarar Neto como o candidato. Se assim o fizer, corre o risco de implodir o PSB, a ponto de provocar, inclusive, um indesejado bate chapa na convenção da escolha do candidato.

O gato comeu – Ao tomar posse, ontem, como presidente do Consórcio dos Governadores do Nordeste, Paulo Câmara não deu um pio sobre o maior escândalo envolvendo a instituição que caiu em seu colo como presente de grego: a fraude envolvendo a compra de 300 respiradores testados em porcos pelo Consórcio, no valor de R$ 48,7 milhões, a uma empresa fantasma de São Paulo que nunca foram entregues a nenhum dos Estados. A maracutaia envolve o governador da Bahia, Rui Costa, que era presidente do Consórcio na época, e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, também do PT, que fez a intermediação. Os 300 equipamentos custaram R$ 24 milhões, mas o Consórcio arrecadou com os governadores e pagou R$ 48,7 milhões. A sobra? O gato comeu.

O livro Pinóquio – Como suspeitei em texto nesta coluna, a versão do Governo para a morte da menina Beatriz Angélica, 7 anos, morta a facadas em Petrolina em 2015, se conformou como mais um capítulo do livro Pinóquio que o governador Paulo Câmara escreve em seu gabinete no Palácio das Princesas: em carta, o suspeito do assassinato confessou que foi forçado a assumir a sua autoria. O furo se deu no programa Cidade Alerta, da TV-Guararapes. Que vergonha, governador!

Viés de lambanças – Na área policial, aliás, os governos do PSB vão se confirmando como patrocinadores de grandes e vergonhosas lambanças. Além da deslavada mentira envolvendo o crime que chocou o País com uma inocente de apenas 7 anos, está escrito nas estrelas das lambanças também o caso Serrambi, como ficou conhecido, há 18 anos, o assassinato de duas jovens de classe alta na praia homônima. O Governo apresentou dois irmãos bombeiros como acusados que acabaram sendo julgados inocentes. Tudo se passou no Governo Miguel Arraes.

Vergonha – Vergonhosa a coletiva do governador Paulo Câmara assumindo a presidência do Consórcio Nordeste. Havia um batalhão de jornalistas em Palácio, mas ninguém fez uma pergunta sobre o pagamento superfaturado de quase R$ 50 milhões, pelos próprios governadores, inclusive o pernambucano, que “colaborou” com R$ 3 milhões, para pagamento de 300 respiradores a uma empresa fantasma que nunca entregou os aparelhos. O governador, suponho, não ia se negar a responder, até porque seu grande desafio é desvendar essa maracutaia. O problema é que nenhum coleguinha perguntou.

O senador de Miguel – Na condição de presidente nacional do DEM, que está se fundindo com o PSL para formação do partido União Brasil, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, trabalha 24 horas pelo apoio à candidatura de Ciro Gomes, do PDT. Não morre de amores pelo ex-juiz Sérgio Moro, nem tampouco Luciano Bivar, que deve ser o presidente do novo partido. Se prevalecer o entendimento de ACM e sua forte torcida por Ciro, em Pernambuco Miguel Coelho pode se aliar à candidatura do presidenciável pedetista com uma surpresa: presidente estadual do PDT, o deputado federal Wolney Queiroz tem chances de ser o candidato a senador na chapa de Miguel.

CURTAS

LANÇAMENTO – Por falar em Ciro, sua candidatura ao Palácio do Planalto será lançada pelo PDT na próxima sexta-feira, na sede nacional da legenda, em Brasília. Com isso, cai por terra todas as especulações de que poderia sair do páreo devido aos estragos provocados na sua imagem pela recente operação da Polícia Federal no Ceará, envolvendo ele o irmão Cid Gomes, senador.

A MÁQUINA PESA – Um prefeito do Sertão do Pajeú que não estava propenso a apoiar o candidato oficial do PSB a governador, revelou, ontem, que ganhou R$ 4 milhões para fazer algumas obras no município prometidas na campanha e que diante da dinheirama será forçado a apoiar quem o governador indicar. O jogo da máquina é pesado!  

Perguntar não ofende: Depois dessa palhaçada de Petrolina, no caso Beatriz, patrocinada pelo secretário da Defesa, o governador ainda o manterá no cargo?