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Data:07-05-2021 Hora: 05:29:14 AM | postado: Josevânio Miranda | Em: Eleições 2022

Unidade é essencial

Num primeiro sinal de maturidade política, de que estão com os pés firmes no chão, os prefeitos de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), e de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), posaram juntos em Brasília, tendo como testemunhas o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB), e os deputados Fernando Filho (DEM) e André Ferreira (PSC). Mostraram disposição para pôr em prática o discurso necessário da unidade das oposições nas eleições para o Governo do Estado, em 22.

 

Dos três pré-candidatos ao Palácio das Princesas no campo de oposição, Miguel e Anderson são os que mais se movimentam, buscando convergências para superar as divergências. Terceira opção citada, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), é um desejo e uma torcida muito maior do seu partido e de aliados do que dela própria. Por ela, o jogo ainda estaria zerado, porque ensaia e pratica o mesmo discurso massificado e tornado até enfadonho pelo ex-governador Eduardo Campos, de que discussão de eleição só no ano da eleição.

 

Dizia, entretanto, Ulysses Guimarães, um paulista com sabedoria política inspirada nas montanhas de Minas Gerais, que quem é coxo, parte cedo. O bloco oposicionista pode até não ser coxo, mas tem pela frente um tremendo desafio: construir a unidade do seu palanque. Os últimos embates no Estado e na Prefeitura do Recife já deixaram lições muito claras que sem a construção de um projeto único, amplo, as oposições não vão a lugar nenhum.

 

Tire-se o exemplo do Recife. Se os partidos de Daniel Coelho, o Cidadania, e de Luciano Bivar, o PSL, não tivessem afrouxado no acordo prévio de que o nome com o maior número de legendas somando em seu favor seria a expressão dessa unidade, o ex-ministro Mendonça Filho, do DEM, atrapalhado na disputa pela Prefeitura do Recife pelos partidos aliados e as pesquisas que se confirmaram distantes da realidade do que as urnas apresentaram, certamente teria amplas chances de ser eleito.

 

Daniel preferiu apostar numa aventura: a candidatura de uma delegada carioca, com discurso centrado numa perseguição nunca comprovada, diga-se de verdade, ao seu trabalho. Já Bivar tirou do bolso do colete o nome de um advogado que nunca se teve conhecimento da sua militância política no Estado. Resultado: a divisão só beneficiou Marília Arraes, que até o mais neófito cidadão recifense em política sabia que seria atrapalhada e vitimizada pelo seu próprio partido, o PT.

 

Abertas as urnas do segundo turno, Marília foi derrotada pela rejeição do eleitorado ao PT. A soma dos votos em branco, nulos e abstenção foi maior do que a sua votação, o que comprova que ninguém queria PT. 2022 se aproxima mais veloz do que se possa imaginar e quem imagina que ainda está cedo para mexer as cartas do xadrez se engana. Por isso, Miguel e Anderson querem unidade.

 

O PSB parecia um pato manco para sucessão de Paulo Câmara, com Geraldo Júlio, o candidato que o partido apresenta como natural, bichado pelos escândalos da pandemia em sua gestão como prefeito do Recife. A ressureição de Lula, no plano nacional, pelo beato-ministro Edson Fachin, do STF, aponta, porém, um caminho que abre, sem dúvidas, horizontes para o partido se manter no poder em Pernambuco, no momento em que for confirmada uma aliança nacional do PT com o PSB.

 

O recado – De Miguel Coelho sobre a necessidade da unidade: "Caminhamos no mesmo bloco há anos, mas hoje nosso Estado enfrenta seu maior desafio. Somos prefeitos de dois municípios grandes e reunimos ao nosso lado outras lideranças expressivas como o senador Fernando e os deputados André e Fernando Filho. Num momento como esse, é fundamental que possamos discutir como tirar Pernambuco dessa situação de atraso. Estamos no meio de uma pandemia, numa grave crise econômica e o Governo não aponta caminhos. As pessoas nos cobram soluções e acredito que o primeiro passo urgente é amadurecer o debate público sobre o futuro do Estado".

 

 

Caminho da recuperação – Já Anderson Ferreira, animado com o encontro, afirmou: “Temos um grupo de oposição que está unido e essa união nos torna mais fortes para debater Pernambuco, diante do cenário de dificuldades que estamos vivendo. Junto com outras lideranças, incluindo a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, podemos tratar com seriedade o futuro do Estado. Não dá para continuar vendo Pernambuco estagnado por falta de diálogo. Por isso, sempre estamos trocando experiências e nos colocando à disposição de outros prefeitos, porque nosso projeto é um só, o de recuperar a economia do Estado e a autoestima dos pernambucanos”.

 

Coluna da Sexta-feira do Blog do Magno Martins