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Data:2022-02-19 07:19:34 Hora: | postado: Josevânio | Em: Saúde

Pandemia está impactando o tratamento de câncer

A pandemia de covid-19 está impactando o tratamento de câncer e vai dificultar o controle da doença pela próxima década.

O controle da doença tende a ficar mais caro e difícil por falta de diagnóstico precoce e, com isso, os casos e mortes devem crescer no Brasil e países vizinhos.

A previsão é do Latin American Cooperative Oncology Group (Lacog) — uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 por um grupo oncologistas.

Um estudo mostra que todos os países avaliados apresentaram consequências negativas. Houve diminuição de diagnósticos decorrente da redução de exames de rastreamento ou de investigação e atrasos em procedimentos cirúrgicos e tratamentos.

No Brasil, por exemplo, a redução de mamografias de rastreamento chegou a 80% e houve redução de 40% de cirurgias de mama. Tumores de mama e próstata são os mais comuns no país.

“O sistema de saúde em todos os países funcionava normalmente, antes da pandemia, no limite. Não sobrou nada”, afirmou o oncologista Carlos Barrios, cofundador do Lacog.

Segundo ele, a situação vale para o mundo todo, mas é mais crítica em países de baixa renda, como o Brasil.

Nos Estados Unidos, por exemplo, projeções indicam que depois da pandemia haverá cerca de 10 mil mortes a mais por câncer de mama e de cólon nos próximos dez anos.
 

Situação na América Latina

A situação é parecida em outros países.

A Argentina reduziu em 60% o rastreamento de câncer colorretal e em 16% os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Houve diminuição de 80% em procedimentos diagnósticos e terapêuticos de endoscopia digestiva.

No Chile, cirurgias eletivas foram canceladas e houve redução nos diagnósticos e tratamentos do câncer.

Colômbia e México também têm observado redução nos exames de rastreamento e consultas, assim como atrasos, interrupções e modificações nos tratamentos oncológicos.

Em Honduras houve redução de até 50% no diagnóstico de cânceres pediátricos e redução de 80% na detecção de câncer de mama e de colo uterino.

No Uruguai ocorreram diminuições em rastreamento, primeiras consultas e quimioterapia.

O estudo

O estudo Controle do Câncer na América Latina e Caribe: avanços recentes e oportunidades para seguir em frente foi realizado por um grupo de 27 médicos de Brasil, EUA, México, Chile, Colômbia, Argentina, Uruguai, Honduras, Alemanha e Panamá.

De acordo com os responsáveis pelo levantamento, foram 1,4 milhão de novos casos da doença e 600 mil mortes pela doença só em 2020.

Atraso no diagnóstico, restrições de atendimento, falta de local para atendimento, isolamento social e adiamento de consultas e cirurgias estão entre os fatores que contribuíram para o resultado.

Revista Oeste