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Data:2021-12-21 09:20:14 Hora: | postado: Josevânio | Em: Política

PSB não abre para Humberto

Coluna da Terça-feira do Blog do Magno Martins

Na passagem por São Paulo, para o beija-mão em Lula e Geraldo Alckmin, que se “uniram” no jantar do escárnio, o governador Paulo Câmara se reuniu, ontem, com o ex-presidente para discutir a aliança em Pernambuco. Câmara foi picado pela mosca azul. Quer ser candidato a senador e abrir a vaga do candidato a governador para o PT.

O nome petista da sua preferência é o senador Humberto Costa, que, coincidentemente, recebeu, no sábado passado, o aval do diretório estadual da legenda para concorrer ao Governo do Estado. Não tenho a menor dúvida de que, a esta altura, a oposição está fazendo figa para Humberto ser o candidato da Frente Popular.

A torcida tem uma explicação que remete ao óbvio ululante: embora senador da República e aliado de primeira hora, da confiança absoluta de Lula, Humberto é candidato fraco, fácil de bater. Tem um histórico de derrotas em disputas majoritárias só comparável a João Cleofas, batizado de João três quedas, nos anos 70, por ter perdido três eleições para governador.

Independente disso, um capítulo à parte, Câmara não vai conseguir tamanha pirotecnia. Sua tese, de passar o poder ao PT, esbarra no próprio PSB, que não aceita, em hipótese alguma, abrir mão da cabeça de chapa. O Governo de Pernambuco, para o PSB, está acima das ambições de Paulo Câmara e dos seus projetos pessoais, para chegar ao Senado. Partido nenhum abre mão de estar com a chibata do poder para ninguém.

O PSB não seria o primeiro, só na cabeça oca do governador, que tudo leva a crer, as desconfianças são generalizadas de que não terá autonomia para decidir o seu sucessor. Tadeu Alencar e Danilo Cabral passaram a disputar a indicação do partido com uma disposição de fazer inveja. Se tivesse força, Câmara faria Zé Neto, o preferido dos deputados, prefeitos e lideranças interioranas.

Nessa batalha silenciosa, só uma certeza: Humberto Costa é carta fora de baralho. E chegar ao Senado, para Paulo Câmara, é uma viagem na maionese.

Restaurante de rico – O jantar em que Lula e Alckmin passaram a borracha nas suas indiferenças e agressões teve como cenário o luxuoso e caríssimo restaurante A Figueira Rubayat, em São Paulo. O cardápio teve como opções de entrada couvert da casa e salada Rubaiyat. Como prato principal, os convidados puderam optar entre picanha com batatas soufflé e espaguete Mediterrâneo. Para a sobremesa, serviram-se torta nêmeses com sorvete de gengibre, mil folhas de doce de leite ou frutas da estação, além de café com seleção de petit four. As opções de bebidas foram vinhos, caipirinhas, caipiroscas e chope.

Fura regras de voos – Corajosa a deputada federal Marília Arraes: com praticamente nove meses de gestação da segunda herdeira, pegou um avião e foi para São Paulo, domingo passado, beijar Lula e Alckmin, dando o seu aval para aliança com o ex-tucano que o PT dizia que era ladrão. O incrível disso tudo é a companhia aérea passar por cima das regras. Não é de hoje que está proibido o embarque de grávidas a partir do sétimo mês. Mas estamos no País do jeitinho brasileiro. Paciência!

Longe dos holofotes – Presente ao jantar, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que Lula “vai precisar de habilidade” para negociar o apoio de siglas de centro. “Tem que caminhar para o centro. Procurar alguém com esse perfil mesmo (de Alckmin). Vai precisar de pessoas com esse perfil”, afirmou ele, que ficou pouco tempo no jantar e se esquivou de aparecer na foto em que Lula posou ao lado de outros dirigentes partidários. O ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer lançou o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao Palácio do Planalto.

Com Doria, mas presente – Adversário do PT durante o governo Lula, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, disse ter participado do encontro pela boa relação que mantém com advogados do grupo Prerrogativas. Após concorrer nas prévias que definiu Doria como o candidato do PSDB ao Planalto, ressaltou que sua presença não simboliza qualquer apoio ao petista. “Da minha parte não tem nada a ver com meu voto, com o que vou fazer (nas eleições). Estou com Doria em qualquer circunstância, o que não impede relações razoáveis com as pessoas possíveis”, disse.

Até Renan ficha suja – O jantar do escárnio foi organizado pelo Prerrogativas, grupo de advogados “antilavajatistas”, e batizado como “Jantar pela Democracia”. O evento reuniu em São Paulo cerca de 500 convidados, incluindo governadores e outros políticos, como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (sem partido-RJ). Após o encontro, Renan destacou a gama de partidos que foram ao jantar. “Uma representação enorme de todo o País, com partidos variados. Clima de que as coisas (alianças) estão andando muito bem”.

CURTAS

DE FORA – O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), disse que o clima do jantar era de “muita empolgação”. “Eu tenho brincado que o meu negócio é levar o Lula para a direita, para poder ganhar no 1º turno”, afirmou. Além de Lula, outros pré-candidatos ao Planalto foram convidados para o jantar de ontem, mas não participaram: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

ACREDITE SE QUISER – Presente ao jantar, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), disse que não conversou com Lula sobre alianças durante o encontro. “Fui porque tenho boa relação com o pessoal do Prerrogativas. O evento foi apartidário e não eleitoral. Nós estamos na campanha da Simone”.

Perguntar não ofende: Lula vai conseguir indicar Marília Arraes para o Senado contrariando Humberto Costa?