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Data:2021-11-15 09:22:51 Hora: | postado: Josevânio | Em: Política

PT e PSDB se merecem!

Um dos mais importantes filósofos do iluminismo francês, o Barão de Montesquieu dizia que a corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios. Ao saber que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, está “avaliando” e propenso a ser o candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidiário Lula, lembrei não apenas da inteligência de Montesquieu, mas também do sábio Luis Fernando Veríssimo.

Em 1983, em seu décimo volume de crônicas inéditas, Veríssimo lançou um personagem de muito sucesso, a Velhinha de Taubaté, definida como "a única pessoa que ainda acredita no governo e nos políticos”. O ingênuo personagem, que dera a seu gato de estimação o nome do porta-voz do Presidente-General Figueiredo, marcava a decadência do governo militar brasileiro, que já estava quase completando 20 anos.

Mas, anos depois, em plena democracia, Verissimo faria reviver a Velhinha de Taubaté ironizando a credibilidade dos presidentes civis. É também dele a provocante frase: “Brasil, esse estranho País de corruptos e corruptores”. Estranho para nós, cidadãos mortais, pagadores de impostos para deleite dos políticos sem escrúpulos. Menos para eles, que brigam por tudo, xingam a mãe um do outro e suas mulheres, mas se unem pelo poder, a velha tese do poder pelo poder.

Dá náuseas imaginar PT x PSDB juntos, agora, depois de digladiarem a vida inteira pelo poder, um xingando o outro de ladrão e bandido. Com muita hipocrisia, o PSDB utilizou o mensalão para desgastar o PT e depois a Lava Jato, esquema em que aparecem citados como irmãos siameses na ladroagem. É o sujo falando do mal lavado.

É sempre bom lembrar que o PSDB protagonizou alguns dos maiores escândalos de corrupção da história, como a chamada “privataria tucana” dos anos do governo FHC. O PT, por sua vez, fez campanha para provar que o mensalão “nunca existiu”, que o escândalo foi uma tentativa de “golpe” contra o governo Lula. Igualmente, que a Lava Jato foi uma invencionice do ex-juiz Sérgio Moro, mas nunca explicou porque a quadrilha que foi presa, incluindo Lula, mas nunca pediu de volta dos R$ 4 bilhões do roubo recuperados na operação Lava Jato.

Juntos, PT e PSDB podem criar até um slogan: “A diferença entre nós é uma questão de cifras”. Por tantos e mega escândalos, fica difícil saber quem roubou mais ou menos. A diferença que conta, entretanto, não é a que está nos números, mas nos princípios. E, nos princípios, será que PT e PSDB é diferente um do outro? PT e PSDB ficaram tão parecidos que se merecem. As duas legendas estão a tal ponto espelhadas uma na outra que agora projetam o sonho de partilharem a corrupção com Lula presidente e Alckmin vice.

Deus socorra o Brasil!

Bagagem da impunidade – PT e PSDB quando governaram o Brasil foram protagonistas de episódios que entraram para o anedotário. Malas pretas apreendidas, cuecas que voaram entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar, gratuitamente, da saúde deles e dos seus pais. PT e PSDB são responsáveis por um dinheiro que viajou por muito tempo na bagagem da impunidade. Santo Agostinho já dizia: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. Vale para Alckmin!

E agora, Raquel? – Não saindo Alckmin do PSDB e recebendo o aval do partido para o acordo mais espúrio da história recente do Brasil, a juntada da tucanada com a petralhada, como ficará a pré-candidata tucana ao Governo de Pernambuco, Raquel Lyra? Vai engolir e aterrissar em outra legenda? Com a palavra, a própria prefeita, que, certamente, não acredita na possibilidade, na medida em que enxergar o caminho do PSDB na candidatura própria do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para quem sairá vitorioso nas prévias.

PT nada fez – Do Estadão, ontem, em editorial: “Agora, o PT propõe a mesma receita: crescimento via gastos públicos. Mas se furta a explicar de onde virá o dinheiro. Sem dúvida, recursos públicos podem servir de estímulo à economia. A pandemia explicitou a importância do Estado para amortizar choques e promover políticas anticíclicas. O problema não é o gasto em si, mas o gasto sem controle e sem critério. Na maré alta do ciclo das commodities, o PT nada fez para disciplinar a expansão dos gastos obrigatórios – ao contrário. Na maré baixa, consumiu a capacidade de investimento do País e arruinou sua saúde fiscal”.

Rejeição – Ainda segundo o Estadão, dados da pesquisa Genial/Quaest mostram as principais dificuldades da candidatura de Sérgio Moro na largada. Para vencer, o ex-juiz terá de tocar os corações dos mais pobres, especialmente no Nordeste. A rejeição a Moro entre quem ganha até dois salários mínimos por mês está em 74%, praticamente a mesma de Jair Bolsonaro nessa faixa, 73%. Há, porém, um complicador para o presidente: seu ex-ministro da Justiça vai um pouco melhor entre quem recebe de dois até cinco salários: 49% rejeitam Moro; 65%, Bolsonaro, no segmento. Os dados escancaram os limites do discurso anticorrupção do homem da Lava Jato e da guerra cultural do “Mito”.

Mudança na OAB – Candidato da oposição na briga pela presidência da OAB-PE, o advogado Almir Reis está animado. A eleição ocorre amanhã. “As pesquisas apontam vantagem ao nosso projeto. Essa foi uma caminhada limpa, bonita e propositiva, na qual andamos por mais de 130 cidades, visitamos mais de sete mil colegas e mais de 400 escritórios. Estamos prontos e legitimados pela advocacia pernambucana para começarmos a gestão a partir do ano que vem”, diz. Como opositor, ele se apoia na máxima que diz não existir democracia sem alternância no poder.

CURTAS

MESMO GRUPO – A mais legítima provocação de Almir Reis sobre seu adversário: “Ele representa os mesmos grupos, as mesmas pessoas fazendo rodízios das cadeiras. Ao longo dos últimos cinco mandatos, foi desse jeito. Agora chegou o momento de oxigenar a instituição, de colocar na gestão os jovens, as mulheres, os interioranos, para que a gente possa ter uma gestão realmente antenada com os anseios das advocacias militantes”, desabafa.

SEM MÁSCARA – A flexibilização do uso da máscara, com autorização para não a usar em locais abertos, começa a valer na próxima quarta-feira em Fernando de Noronha. Apesar disso, inúmeras pessoas foram vistas sem usar o item obrigatório durante a gravação do DVD da Banda Eva, quinta-feira passada, na Praia da Conceição, dentro da programação do Réveillon do Ansiosos. O protocolo contra Covid-19 em vigor na ilha atualmente é o mesmo válido em todo o Estado.

Perguntar não ofende: PSDB e PT unidos pela corrupção? 

Coluna da segunda-feira do Blog do Magno Martins