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Data:2021-10-26 15:22:35 Hora: | postado: Josevânio | Em: Política

2022 igual a 2006: Miguel e Raquel lideram na oposição

Por Ítala Alves*

A um ano da eleição ao Governo de Pernambuco, uma acirrada disputa surge entre as duas principais lideranças do campo de oposição no Estado. Os prefeitos Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, e Miguel Coelho (União Brasil), de Petrolina, se fortalecem para o confronto com o candidato da situação, deixando pouco espaço para o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), também da oposição, em um processo semelhante ao de 2006, quando o processo se afunilou com Eduardo Campos e Humberto Costa à frente das oposições.

É o que mostra a segunda pesquisa publicada ontem por este blog, realizada pelo Instituto Opinião, de Campina Grande (PB). Em relação à primeira pesquisa, realizada em maio deste ano, Raquel cresceu dez pontos percentuais, Geraldo Júlio (PSB), que é o nome da situação, avançou oito, Miguel sete e Anderson um. Dissecando os números, constata-se que o percentual de crescimento de Raquel e Miguel é o mesmo, 221% para ambos. Já no caso de Anderson Ferreira, o crescimento foi de apenas 15%. Para Geraldo, que surfa sozinho no campo situacionista, o crescimento foi de 214%.

Comparando os quatro pré-candidatos em relação aos seus respectivos redutos eleitorais, a pesquisa aponta dados curiosos: na Região Metropolitana, Geraldo, que foi prefeito do Recife por duas oportunidades, aparece com 24%. Anderson Ferreira, no comando do segundo maior colégio eleitoral do Estado, com apenas 17%. Já Raquel tem forte desempenho na sua região, o Agreste – que é o segundo maior colégio eleitoral regional de Pernambuco, atrás apenas da RMR. A prefeita tucana pontua com 44% das intenções de votos.

Mas é no caso de Miguel Coelho que vem o melhor desempenho. Na sua região, o Sertão de São Francisco, ele pontua com muita força, atingindo a impressionante marca de 82% das intenções de votos. Logicamente, que cada região tem seus diferentes pesos, mas o que fica claro é que, no caso de Raquel e mais acentuadamente no de Miguel, os números traduzem o sentimento de que quem conhece o trabalho desenvolvido por estes gestores tem grande disposição para votar neles.

Corroborando com esse raciocínio, vale trazer à luz os resultados eleitorais dos quatro pré-candidatos, tendo em vista que todos já foram reeleitos, sendo Geraldo em 2016 e Anderson, Miguel e Raquel em 2020.

Anderson obteve 54,28% dos votos dos eleitores de Jaboatão numa disputa com Daniel Alves, que ficou com 30%. Geraldo teve 61,30% dos votos dos eleitores do Recife, numa disputa direta com João Paulo, que alcançou 38%. Já Raquel alcançou 66,86% dos votos dos caruaruenses, contra 19% do Delegado Lessa. Miguel atingiu 76,19% dos votos dos petrolinenses, contra apenas 9% de Júlio Lóssio Filho.

Como a pesquisa quantitativa é um dado científico e o resultado de uma eleição é uma constatação, podemos traçar um paralelo correlacional entre o resultado deste levantamento e o resultado das reeleições dos quatro pré-candidatos, chegando a uma conclusão: a proporção de aceitação deles, em cada respectivo reduto, bate com o resultado estratificado da intenção de votos, reiterando de forma cristalina a força de Raquel e Miguel no campo oposicionista.

2022 será muito diferente de 2014 e 2018

Já tem um bom tempo que o cenário não é tão favorável aos pré-candidatos fincados no campo da oposição. Primeiro porque em 2014, no ápice da ampla liderança do então candidato Armando Monteiro, veio o trágico acidente que vitimou Eduardo Campos, impulsionando como um foguete a candidatura do seu sucessor Paulo Câmara. A comoção que tomou conta do Estado embalou o sentimento majoritário de homenagear Eduardo, dando a vitória pela Frente Popular a Paulo Câmara.

Em 2018, contra o mesmo Amando, Câmara sagrou-se vitorioso ainda no 1º turno, com cerca de 550 mil votos de maioria para Armando. A fragilidade da oposição por ter apenas o nome de Armando como um candidato forte no pleito e o fator Lula foram decisivos no resultado.

2022 será muito semelhante a 2006

Na eleição de 2006, três candidatos travaram uma bela disputa pelo Governo do Estado. Mendonça Filho, Eduardo Campos e Humberto Costa obtiveram 39%, 33% e 25% respectivamente.

Mendonça estava indo para a reeleição sentado na cadeira de governador, contra dois fortes candidatos da oposição, ambos curiosamente apoiados pelo então presidente Lula. E aqui um parêntesis: Armando Monteiro manteve-se como pré-candidato até março daquele ano, quando foi levado a optar pelo apoio a Humberto Costa.

Passaram para o segundo turno Mendonça e Eduardo. O resultado teve um detalhe interessante: Mendonça obteve menos votos no segundo turno do que no primeiro, já Eduardo praticamente dobrou seu desempenho no segundo turno.

Quando afirmo que o pleito do próximo ano se assemelha fortemente ao de 2006, é que para Raquel e Miguel, líderes na oposição, fica o indicativo de que a melhor estratégia para findar o reinado do PSB no Estado é o de duas candidaturas fortes de oposição, unidas em um eventual segundo turno, assim como em 2006.

Nas agitadas águas do mar eleitoral de Pernambuco, está cada vez mais evidente que as pré-candidaturas estão ganhando a cada dia mais musculatura.

Percorrer cada quilômetro do Estado, celebrar estrategicamente as alianças, conversar com o eleitorado e apresentar a vitrine de suas gestões, bem como ter propostas críveis e sintonizadas com os anseios do povo é uma tarefa urgente. Quem souber como executar de forma eficiente tal estratégia, dará um salto em direção ao Palácio do Campo das Princesas.

*Editora do Blog do Magno