blog
Data:2021-08-12 11:39:17 Hora: | postado: Josevânio | Em: Brasil

Bolsonaro já fez muito pelo NE

Na entrevista que concedeu, na última terça-feira, à Rede Nordeste de Rádio, direto do seu gabinete, em Brasília, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, traçou um cenário de realizações da sua pasta no Nordeste amplamente desconhecido da população brasileira. Só em obras hídricas, disse que os investimentos superam a casa dos R$ 3,5 bilhões. Segundo ele, até meados do segundo semestre do ano que vem, 100% das obras da Transposição do São Francisco estarão concluídas.

Se tudo isso está acontecendo e ninguém sabe, das duas uma: ou o Governo é muito ruim e amador na comunicação ou alguém está blefando. Mas o ministro não é de blefe. É um gestor sério e competente, forjado no serviço público em seu Estado natal, o Rio Grande do Norte, que representou em Brasília em três mandatos de deputado federal. E tudo que falou foi com base numa planilha que estava ao seu lado, com todos os números, e que não precisou nem consultar.

“Nós temos seis mil obras hídricas. Aí a gente leva em consideração perfuração de poços, dessalinização, pequenas adutoras médias e grandes. Trabalho ligado a tratamento de água e esgoto. É um portifólio muito extenso, que vão de questões ligadas à saúde e saneamento”, disse. Sobre a Transposição, afirmou: “Na verdade, chegaremos ao Rio Grande do Norte, que é o último Estado setentrional, receptor, com as águas do São Francisco, até dezembro”.

E acrescentou: “A partir da chegada ao RN, são obras de customização, de repaginação do que já foi feito em tempos pretéritos. Eventualmente, há a necessidade de se comprar novas bombas para ampliar a capacidade de bombeamento dessa água. Em sua integralidade, a capacidade vai chegar a mais de 120 m³. Nós temos um conjunto de bomba, cada uma custa R$ 30 milhões. Nós vamos precisar de 30 a 35 bombas.”

Segundo ele, a prioridade do Governo é concluir a obra física dos canais. Os recursos alocados devem permitir que os canais sejam terminados na altura do Eixo Norte, chegando em Caiçara (PB). De lá, vai a São Gonçalo, que é o maior reservatório da Paraíba. Em seguida, vai a uma barragem de Engenheiro Ávidos (PB). “Estamos fazendo uma restauração dessa barragem a partir da tomada d’água. De lá, são mais de 115 km de rio até a altura de Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte. Isso vai permitir comemorar a conclusão das obras do eixo norte e o beneficiamento do quarto Estado, que seria o RN”, afirmou.

Perguntado por que o Governo não dava prioridade à divulgação dessas obras, Marinho “Esse governo tem alguns defeitos, a comunicação é o mais nítido. Não publicizar os seus feitos tem sido um grande pecado. Eu diria que o que está sendo feito nesses últimos três anos é mais impactante do que nos últimos 20 anos. Nós temos obras de infraestrutura hídrica e segurança hídrica desde o Norte de Minas até o Maranhão. Os estados do Nordeste estão tendo uma atenção muito forte do Governo Federal e o presidente foi muito claro quando me convidou: ‘Abrace o Nordeste’.

Jornada das Águas – Em outubro, segundo Rogério Marinho, o Governo lançará a ‘Jornada das Águas’, para dar visibilidade a essas obras. “Nós devemos noticiar o início do projeto executivo do Canal do Sertão Baiano, com mais de 15 km de extensão. Também deveremos dar ordem de serviço para a obra física do Canal de Xingó, em Sergipe. É uma obra esperada há mais de 50 anos. A gente espera fazer isso em outubro. Em Alagoas, nós vamos lançar vários programas contra desertificação, com mais de 1 milhão de árvores de umbu-cajá. São mais de R$ 90 milhões de investimentos. Também a conclusão da Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte. Uma obra parada desde 1952”, disse.

Integração de bacias – Ainda na entrevista, o ministro do Desenvolvimento Regional disse que o Governo vai anunciar uma ação que considera uma das mais importantes do Estado brasileiro, que é a integração das bacias que vão desde o Rio Tocantins até as bacias dos rios Balseira, Mandu, Parnaíba e São Francisco. “Isso para termos, num horizonte de 15 a 20 anos, um quadro completamente diferente para a segurança hídrica da região, tanto do semiárido nordestino como de parte do Centro-oeste e da região Amazônica”, assinalou.

Salve o São Francisco – Sobre as notícias de que o Rio São Francisco estava carente de um projeto de revitalização, afirmou: “Há um fundo com recursos assegurados para esse trabalho de revitalização e já antes lançamos um programa chamado Águas Brasileiras. Conseguimos captar em torno de R$ 70 milhões na primeira edição. Com quatro bacias principais (Taquari/MS, Tocantins-Araguaia, Parnaíba e o São Francisco). São programas que tratam de plantio de árvores, matas ciliares, para preservar as fontes, nascentes e de trazer de forma sustentável a população ribeirinha para esse desenvolvimento de forma responsável.”

Ferrovia Transnordestina – Embora não seja de responsabilidade da sua pasta, a ferrovia Transnordestina também teve uma explicação do ministro quanto à polêmica de que Pernambuco ficaria sem o seu ramal. “A ferrovia tem uma participação do nosso Ministério na alocação de recursos, dos fundos constitucionais geridos pelo Banco do Nordeste e interveniência da Sudene. Então, a gente termina tendo uma ingerência na questão do financiamento, mas não da gestão da obra. Há uma discussão entre a operadora, que é a CSN. A velocidade da obra está sendo questionada por Tarcísio (Freitas, ministro da Infraestrutura). E nas tratativas, há a possibilidade de se distratar esse ramal de Pernambuco para permitir que seja relicitado por uma outra empresa, preservando o ramal que vai para Pecém por estar mais adiantado. Mas isso não é definitivo. É uma obra importante, ligaria os dois portos mais importantes do Nordeste setentrional, do Ceará e de Pernambuco, e permitiria um desenvolvimento muito forte dos dois estados”, explicou.

Papel da Sudene – O ministro também foi provocado a tratar de Sudene. “A autarquia ainda é um importante referencial na definição das políticas de investimento na nossa região. Nós temos uma reunião de governadores, que é a maior, com os nove governadores do Nordeste, o de Minas Gerais e o do Espírito Santo. As empresas que se instalam nessa região têm a possibilidade de isenção fiscal. A Sudene também define o planejamento em relação ao Nordeste. Evidentemente que a pujança de 30 anos atrás se debilitou.”

CURTAS

Energias alternativas – Quanto as energias alternativas, disse que o mundo inteiro está caminhando na direção de trocar as suas matrizes. “Cada vez mais está substituindo a energia fóssil por solar, eólica, hidrogênio verde. No Nordeste, o que não falta é sol e vento. Somos a região do Brasil mais propícia a esse modal de energia. Os estados nordestinos estão produzindo 11GW. Mais ou menos a Itaipu, que são 14GW”, disse.

Saneamento – Sobre o Marco do Saneamento, também na sua pasta, disse que após a sua aprovação, em junho do ano passado, leilões propiciaram quase R$ 70 bilhões em investimentos, fruto de esforço coletivo dos Estados, Municípios e Governo Federal. “Nós temos 12 anos para chegarmos à universalização do tratamento de água e esgoto no país. De esgoto, com 90%, e água com 99%”, destacou.

Blog do Magno Martins